domingo, 4 de dezembro de 2011

Poema do livre arbítrio, de António Gedeão

Há uma fatalidade intrínseca, insofismável,

inerente a todas as coisas e nelas incrustrada.

Uma fatalidade que não se pode ludibriar,

nem peitar, nem desvirtuar,

nem entreter, nem comover,

nem iludir, nem impedir,

uma fatalidade fatalmente fatal,

uma fatalidade que só poderia deixar de o ser

para ser fatalidade de outra maneira qualquer,

igualmente fatal.


Eu sei que posso escolher entre o bem e o mal.

Eu sei que posso escolher fatalmente entre o bem e o mal.


E já sei que escolho o bem entre o mal e o bem.

Já sei que escolho fatalmente o bem.

Porque escolher o bem é escolher fatalmente o bem,

como escolher o mal é escolher fatalmente o mal.

O meu livre arbítrio

conduz-me fatalmente a uma escolha fatal.

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